Black Mirror – Hino Nacional (The National Anthem) – Netflix

Se você nunca ouviu falar de Black Mirror, agora é a hora, pois há poucos dias atrás, a Netflix disponibilizou a quarta temporada completa! 😊 No post de hoje, irei falar de Hino Nacional, o primeiro episódio da primeira temporada da série.

Black Mirror é uma série criada em 2011 que gira em torno da inovação e da tecnologia e em como a podemos ser afetados por ela, tanto positiva, quanto negativamente. Black Mirror é uma série diferente das que costumamos assistir, sendo que nenhum dos episódios possui conexão, ou seja, se você pular um, não terá problemas…

Acho válido falar sobre os episódios das temporadas anteriores, então fique agora com a minha opinião relacionada ao episódio.

Hino Nacional – The National Anthem

Em Hino Nacional, o Primeiro Ministro Michael Callow se vê em uma terrível situação, quando a Princesa Susannah, conhecida por sua generosidade, bondade, e caridade, é sequestrada e o sequestrador faz uma exigência perturbadora.

save the libraries - hino nacional black mirror
Crédito: Gingesbecray

Antes fosse salvar as bibliotecas, Michael, antes fosse!

A fotografia mais fria utilizada no episódio ajuda a estabelecer um tom mais sombrio e melancólico à história apresentada.

Não quero dizer qual é o principal dilema que o Primeiro Ministro tem no episódio, pois assim estaria entregando uma grande e surpreendente parte de Hino Nacional. Acredito que assistir sem saber nenhum detalhe marcante é a melhor forma de assistir, pois Black Mirror tem como característica, fazer o espectador pensar. (e diga-se de passagem, muita gente deveria pensar, mas tem preguiça)

Para mim, Hino Nacional é o exemplo perfeito daquele famoso dizer: “se está na internet, então só pode ser verdade!”

O episódio mostra, como se já não estivéssemos cansados de saber, a influência que a mídia, e o Youtube por fazer parte dela por consequência, tem e que a internet é terra de ninguém. Qualquer pessoa posta o que quiser, sem um pingo de empatia e preocupação sobre o que aquilo significa na vida de outra pessoa, e sem assumir os riscos daquilo que estão falando e/ou fazendo.

Pode até ser que exista um pouco de resistência diante de uma nova ideia apresentada, mas a verdade é que é muito mais fácil e as pessoas estão tão acostumadas a aceitar as coisas como elas são, ou como as enxergam/percebem, do que questionar os outros.

Talvez por medo da resposta ou por comodidade, ou quem sabe uma mistura dos dois, ou até mesmo por, subconscientemente, gostarem daquilo que estão consumindo, como por exemplo questões relacionadas à sexo e violência.

Até porque, para muitos, questionar significa “gerar desconforto” e é melhor ir contra os nossos valores em busca da aceitação dos outros! #sarcasmo.

(Só para deixar claro:
Questionar significa pôr em questão; fazer objeção a; controverter; rebater)

O mundo está altamente influenciável e a mídia tira proveito disso. E o pior é que nessa altura do campeonato, muita gente não percebe o quão no fundo do poço estão.

Descobrir algo, ou melhor, ser o primeiro a descobrir algo, custe o que custar, é mais importante do que o bem-estar das pessoas.



As Consequências Não São o Mais Importante

Em Hino Nacional, fica claro que algumas pessoas estão pouco se lixando para as consequências das ações que tomam, seja para consigo mesmas ou para outras pessoas.

Na tentativa de amenizar a humilhação do Primeiro Ministro, o povo é aconselhado a não acompanhar o ato, porém, obviamente, o povo acaba desrespeitando o pedido, o que mostra que ninguém realmente se importa com o sofrimento do outro.

Michael Callow se vê obrigado à cumprir uma ordem, que pode muito bem acabar com tudo que ele conquistou tanto na vida pessoal quanto profissional.

E o que as pessoas fazem? No início elas mostram resistência em relação àquela idéia, mas sob influência da mídia e de decisões tomadas de forma equivocada, elas demonstram nenhuma empatia com o Primeiro Ministro.

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Crédito: Gingesbecray

Não que ele não se importe com o bem-estar de Susannah, mas é óbvio que ele não quer ter que fazer o que foi exigido pelo sequestrador, se você já assistiu o episódio, com certeza entende muito bem o porquê.

Acontece que após cair nas pesquisas relacionadas às próximas eleições e até mesmo ser ameaçado, as motivações do próprio Michael Callow mudam. No fim, ele acaba fazendo aquilo, pois além do benefício óbvio, que é a libertação da princesa, a aceitação do povo, vai fazer com que ele ganhe algum tipo de imunidade pela coragem que demonstrou naquela situação.



Porém, por mais importante que seja continuar como Primeiro Ministro, mesmo tendo que lidar com as consequências daquele ato, ele acaba não percebendo que elas não vão embora. Nem tudo vai voltar a ser como era antes.

A obsessão que as pessoas têm pela tragédia alheia, que é disseminada pela mídia, não fosse por ela nem saberíamos o que acontece no mundo, é tão grande, que parece que elas realmente gostam quando coisas bizarras, como o que Michael Callow teve que fazer, acontecem com outras pessoas. Como se fosse um tipo de entretenimento barato e uma busca incessante pela aprovação e aceitação dos outros.

Em Hino Nacional, estava todo mundo mais interessado no que passava na TV, que ninguém percebeu que poderiam ter evitado a humilhação do Primeiro Ministro. Bastava que alguém realmente se importasse com o próximo.

A verdade é que ninguém se importava muito com a princesa ou com a situação em que o primeiro ministro se encontrava, mas sim com o sensacionalismo que a mídia estava proporcionando ao vivo.

Assim como outros episódios de Black Mirror, Hino Nacional é um episódio que está muito perto da nossa realidade. As pessoas não valorizam a vida que tem e acabam perdendo o tempo cuidando mais da vida dos outros do que delas próprias.

É mais ou menos como aquele ditado: “Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.” Porque cuidar da sua própria vida dá muito trabalho.

Então é isso,

Nos falamos em breve! 🙂

Ezi

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